Tudo começou no ano de 1996 e de forma grandiosa. A primeira edição da festa ocorreu nos dias 9 e 10 de fevereiro na mesma sede campestre da Saba, como forma de festejar os 20 anos da Rádio Atlântida. Além da música, a estrutura teve áreas de esporte radical como pistas de roller, kart indoor e paredão para montanhismo, tudo isso em meio à maratona de apresentações. O público estimado no final de semana do evento foi de 30 mil pessoas.
Mamonas Assassinas se apresentaram em 1996 no Planeta Atlântida (Foto: Reprodução/RBS TV)
Dividido em duas noites, o festival teve como atração principal um
conjunto formado por cinco rapazes de Guarulhos, cidade da Grande São
Paulo. Ousados e debochados, Dinho, Bento, Júlio Rasec, Samuel e Sérgio
Reoli, os Mamonas Assassinas, conquistaram um sucesso meteórico no
período. As músicas, com letras sem censura e melodias guiadas por riffs
de guitarra, eram conhecidas por adultos e crianças. No palco do
Planeta Atlântida, o quinteto esbanjou simpatia e carisma.
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O gênero musical do grupo era baseado no rock, mas havia de tudo um
pouco: forró em "Jumento Celestino", brega em "Bois Don't Cry", heavy
metal em "Débil Metal" e pagode em "Lá Vem o Alemão". Para combinar, um
figurino específico era adotado nas apresentações: de peruca loira,
óculos em formato de coração e microvestido, o vocalista Dinho encarnava
o “Robocop Gay”.Naquela noite, o repertório contemplou as 14 faixas do disco homônimo da banda, lançado em 1995. "Sabão Crá Crá" foi cantada em coro pela multidão. O hit irônico em ritmo português “Vira-vira” fez o público cair na dança. A escrachada "Mundo Animal" e a clássica referência à Brasília amarela em "Pelados em Santos" coroaram a noite.
Menos de um mês depois do show no Planeta Atlântida, em 2 de março, a trajetória de sucesso foi interrompida. A aeronave em que o quinteto viajava chocou-se contra a Serra da Cantareira, em Guarulhos, matando os cinco integrantes. O acidente causou comoção nacional. Um filme sobre a banda está sendo produzido pela Fox Film em parceria com a Conspiração Filmes. O lançamento está previsto para 2015.
Além dos Mamonas Assassinas, o evento ainda reuniu importantes nomes da cena musical brasileira: Titãs, que já havia lançado oito álbuns de estúdio, entre eles o clássico "Cabeça Dinossauro", de 1986, e Fernanda Abreu, cantora que levantou a multidão com as dançantes “Rio 40 Graus” e “Jorge da Capadócia”, composta por Jorge Ben Jor e gravada no álbum "Sla 2 - Be Sample", de 1992.
Rita Lee se apresentou no Planeta Atlântida em
1996 e 1998 (Foto: Reprodução/RBS TV)
No entanto, a representante feminina de destaque no palco foi a Rainha do Rock brasileiro: Rita Lee.
Ex-integrante dos Mutantes e do Tutti Frutti até a década de 70, a
cantora e compositora tornou-se um dos primeiros ícones da música do
país: é a mulher que mais vendeu na história da música brasileira. A
paulistana acumulou mais de 155 milhões de cópias de discos
comercializados ao longo da carreira e foi uma das pioneiras em unir os
gêneros rock n’ roll, tropicalismo, pop e a psicodelia.1996 e 1998 (Foto: Reprodução/RBS TV)
Na época do Planeta Atlântida, aos 49 anos de idade, ela vivia um marcante momento pessoal e profissional: havia retomado a parceria musical com o agora atual marido Roberto de Carvalho, suspensa em 1991. Durante a turnê do álbum “A Marca da Zorra”, lançado em 1995, Rita Lee abriu os shows da primeira passagem dos Rolling Stones pelo Brasil, no Pacaembu, em São Paulo, e no Maracanã, no Rio de Janeiro.
No ano seguinte, a ruiva fez o encerramento da primeira noite do festival no Rio Grande do Sul. “Lança Perfume” foi um dos pontos altos do show e “Atlântida” parecia ter sido selecionada a dedo para combinar com o cenário da performance. Dois anos depois, Rita Lee voltou para um novo show no evento em 1998.
Line-up do Planeta Atlântida de 1996
Harmadilha
Mamonas Assassinas
Charly García
Rita Lee
Titãs
Maria do Relento
Papas da Língua
Fernanda Abreu
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