É o começo do fim. Seriado mais longevo
da televisão brasileira, A Grande Família inicia nesta quinta-feira, 10,
sua 14.ª e última temporada na tela da Globo. O original, de Oduvaldo
Vianna Filho, teve menos de um ano de duração e um caráter político que
desapareceu no remake. Mas a solidez dos personagens criados por
Vianinha deu sustentação a esta longa e segunda versão, enaltecendo o
comportamento de uma classe C que ascendeu junto com seus pares na vida
real.
“Se você for ver a família no começo do
seriado, há 14 anos, parece um retrato das pessoas da classe C como são
hoje”, constata Adriana Falcão, redatora que tem 12 dos 14 anos vividos
pela Nenê de Marieta Severo e cia. Enquanto a TV, de modo geral,
procurava por personagens que gerassem identificação com esse público na
tela, o Lineu de Marco Nanini e o Agostinho de Pedro Cardoso já estavam
em cena, prontos para receber as benesses da tal nova classe C. “O
Agostinho acabou crescendo na vida, virou um empresário”, constata
Adriana, que nos adianta a seguir o que esperar deste último ano.
“O cenário vai mudar. Do lado da casa vai
ter um estacionamento, assim como teve a favela, anos atrás. O subúrbio
também mudou muito nesses anos todos. O cenário está acompanhando a
mudança social, tudo está mais caótico e a vida da família ficou mais
caótica.”
“Depois de 14 anos, a Nenê parece até uma
pessoa que a gente conhece proximamente, desde que nasceu. Parece que o
Lineu é seu tio, mora aqui em casa, é todo mundo muito próximo”, ela
fala. Embora a equipe tenha muito material de acervo para promover
sequências de flashback, a temporada da vez se encarregará de produzir
imagens que resgatam os anos passados da família Silva. É hora de
revelar coisas de um passado que ninguém nunca soube, dos anos de 1974,
quando Nenê e Lineu se casaram, e de 94, ambos calendários de Copa do
Mundo, como o atual. Atores estão em testes para a escolha de uma Nenê e
de um Lineu jovens.
“O casal está 14 anos mais maduro, todos
estão, e a gente está fazendo um último ano com as pessoas muito
mexidas. O Agostinho tem um enfarte”, adianta Adriana. O fato motiva a
volta de Lineu e Nenê da viagem de barco que os dois faziam quando
acabou a última temporada.
Ao retornar, Nenê encontrará tanta coisa
fora da ordem – “até uma porta de armário cai na cabeça dela”, conta a
redatora – que acaba ficando em casa. O pequeno Floriano terá repetido
de ano, a casa está em frangalhos, Tuco (Lúcio Mauro Filho) está
deprimido, e Nenê acabará, mais adiante, se recolhendo no puxadinho ao
fundo da casa para repensar a vida. Até uma terapeuta está no script
dela para esta temporada, personagem reservada a Eva Wilma.
“Ao ver aquela confusão toda, a Nenê tem
uma crise que é típica dessa idade, eu sei porque tenho quase a idade
que a Nenê teria”, diz Adriana, admitindo que se identifica muito com a
personagem. “Quando as mulheres da minha geração chegam aos 50, além
daquela história da síndrome do ninho vazio, tem essa sensação de quem
passou a vida cuidando dessa família, e a gente ainda colocava muito a
família na frente de tudo.”
Para ela, o sucesso da série é, antes de
mais nada, explicado pelo alto nível de identificação que é capaz de
gerar na plateia. “São personagens muito ricos, acho que a família
brasileira se identifica com aquela família, há muita empatia, mas tem
também a excelência do trabalho. Vejo toda a equipe, desde os redatores,
com quem eu tenho uma relação mais próxima, até produção e elenco,
muito empenhada, que dá tudo de si. É uma junção de forças positivas.”
Com informações do jornal O Estado de S. Paulo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário